Talvez esta não seja uma casa aconselhada a quem sofre de vertigens, mas em contrapartida, será altamente recomendada a espíritos mais aventureiros.
Arquitetura: Martins | Afonso atelier de design / Fotografias: Mickaël Martins Afonso
A história, como tantas outras, começa com uma remodelação que tinha em vista adaptar os espaços a um modo de vida mais atual, mais confortável, mais ao encontro da estética dos seus proprietários e também mais ao encontro do seu uso por crianças.
A casa tinha duas características ímpares e, até então, pouco exploradas: uma luz incrível e um duplo pé-direito na sala.
Este último, configurou-se no espaço ideal para uma rede de mezanino, oferecendo de imediato uma nova forma de ocupar um espaço sem uso e com potencial.
Dependendo da hora do dia, a rede é espaço para as crianças brincarem, é um lugar para relaxar em família ou uma sala de cinema.
Para que tal seja possível, em torno da rede e ao longo da parede, existem zonas de arrumação que integram, entre outros, um projetor de vídeo e um sistema de home cinema, escondidos atrás de portas de correr.
Como se de uma produção teatral se tratasse, a luz incide nas paredes e nos móveis, criando um ambiente acolhedor, contribuindo também para uma sensação agradável e de bem-estar ao longo do dia.
Existe um verdadeiro apelo ao descansar nesta zona, onde através de uma rede, cada um encontra o seu próprio lugar sem sobrecarregar o espaço disponível.
O pavimento na cor branca, para além de um alto poder refletivo, eleva todos os elementos que sobre ele são colocados e ajuda a criar jogos de luz e sombra.
O mobiliário integrado e em madeira de carvalho é pontuado com elementos a preto, o que, na perspetiva dos autores do projeto de remodelação, confere ao espaço uma temperatura mais quente.
A zona central da casa funciona como uma espinha dorsal e liga os pisos através de um grande volume em madeira. Este recebe e articula várias funções e usos, entre elas, a de ligação aos diferentes espaços, como à cave, instalações sanitárias, ao bar, à biblioteca ou à sala de vinil.
O resultado é todo um jogo de cheios e vazios, uma vez abertos, outras escondidos por cortinas ou pequenos alçapões.