O atelier Mabire Reich assina o projeto de reabilitação dos 80m2 desta pequena casa em Nantes, e a ampliação em mais 32m2 de área habitável,
Fotografia: Guillaume Satre; Projeto: Mabire Reich; segundo a memória descritiva fornecida pelos arquitetos
Ampliar uma casa é acrescentar um estrato adicional a um edifício que, às vezes, já tem outras camadas e permite outras leituras. A casa em questão deu a oportunidade aos arquitetos de erguer, a poucos passos do Parc de Procé, em Nantes, um projeto que testemunha a passagem do tempo e a evolução das necessidades dos antigos proprietários.
Começou por ser uma simples casa térrea, que foi depois ampliada por via de um prolongamento lateral para, finalmente, ser parcialmente elevada, mas tal – as tais camadas – levantava a questão da sua capacidade para uma terceira operação de ampliação. Em vez de apagar essa história, os arquitetos completaram o quebra-cabeças, elevando o edifício inicial para formar um volume coerente com o da primeira extensão.
Posto isto, foi pintada a fachada, harmonizando-se uma manta de retalhos… que ainda hoje pode ser lida por um olhar atento. Em seguida, foi montada uma pele de madeira que imprime um novo caráter ao todo, oferecendo dispositivos variados entre interior e exterior.
A elevação desenvolve-se em “L”. A pegada do piso divide o volume do piso térreo, entre pé direito simples e duplo. O percurso da entrada é assim marcado pelo efeito de compressão sentido ao entrar sob um teto de madeira relativamente baixo, cuja presença é reforçada pelo desenho do seu grão. Segue-se o efeito de descompressão, a abertura no pé-direito duplo e no telhado de vidro, que faz o jardim “entrar” na paisagem da casa.
A pele de madeira permite variar a relação entre interior e exterior. Esta malha pára em frente a determinadas janelas, passa em frente à janela do WC, permitindo filtrar as vistas aproveitando a luz e a possibilidade de ventilação, ou em frente a uma das janelas da sala para deixar o ar passar sem abdicar da intimidade para quem passa na rua.