A combinação de experiências, imagens, formas e sentimentos são a sua melhor base. Uma tela onde se pintam hoje formas abstratas e cores fortes. Mas o caminho amanhã pode ser outro. Porque tudo muda.
Texto: Isabel Figueiredo / Fotografia: Stop Time
Com uma licenciatura em Design de Interiores pelo IADE, a que soma o curso de artes gráficas, Filipa Centeio (Lisboa, 1981) tem uma tenra ligação às artes, nas suas mais variadas vertentes. Trabalhou em ateliês de arquitetura, passou por algumas agências de publicidade, desenhou guarda-roupa para filmes publicitários e trabalhou como produtora fotográfica. Mas a pintura nunca ficou para trás e tem acompanhado o seu percurso profissional até 2017, data em que decide revelar o resultado desta paixão.
“Sempre senti necessidade de me manifestar criativamente, de me libertar, de me descobrir como pessoa e como artista”, lança. “Sou muito visual, inspira-me o quotidiano, o acumular de experiências, a combinação de imagens, o cruzamento de formas e sentimentos”, diz-nos. “Na minha biblioteca pessoal entra de tudo e tudo se transforma”.
Os seus trabalhos incidem geralmente em acrílico sobre tela, mas os suportes podem variar conforme a ideia que está por trás de cada obra. “É importante explorarmos técnicas diferentes e não ficarmos agarrados a algo de que as pessoas gostam. A produção em massa não faz parte dos meus objetivos”, revela a artista, para quem atualmente o abstrato e a geometria definem, em parte, o seu estilo atual, “desconstruindo, utilizando muito do que me foi ensinado academicamente, mas com a liberdade e o propósito do erro”.
A paixão pela cor e pela sua simbologia estão impressas em cada trabalho e refletem sentimentos. Inspirada por nomes como José Pedro Croft, Ângelo de Sousa, Gonçalo Ghira, Manuel Caeiro, Maluda, Richard Serra, Tomie Ohtake e tantos outros, Filipa tem vindo a respeitar o seu próprio percurso.
Depois da criativade, a disciplina aliada à vontade alicerçam um início de carreira promissor, a que o nosso olhar-radar não escapou. “Geralmente chego muito cedo ao ateliê, depois de levar os meus filhos ao colégio, e desde que entro não consigo estar parada. Nem sempre os estudos que faço antes de começar uma peça acabam por servir, mas a ideia é o ponto de partida. Ou não”! O seu trabalho começa muito antes do pincel tocar na tela, embora o instinto seja sempre mais forte e a conduza, tantas vezes, por outros caminhos. “Quando começo a despertar as tintas custa-me ter de parar e esperar que sequem, a vontade de criar é muito grande”.
Para breve, estão vários trabalhos, alguns diferentes do que tem feito até hoje. “Estou numa boa fase, sinto-me bem e com muita vontade de crescer enquanto artista”.