Este apartamento de 117m2, na freguesia da Estrela, em Lisboa, é a morada de quem aprecia, acima de tudo, a luz, as vistas desafogadas e a proximidade com o rio Tejo.
Fotografia: Gui Morelli / Texto: Isabel Figueiredo / Produção: Amparo Santa-Clara
Está muito perto do rio, mas também da Avenida 24 de Julho, do Museu de Arte Antiga, a dois passos do bonito jardim da Tapadas das Necessidades e, cruzando a rua, a menos de um minuto do famoso 31 da Armada. É, além do mais, um apartamento amplo e naturalmente bem iluminado e, se não bastasse o atrás escrito, generoso nas vistas que permite a quem o visita, e mais ainda a quem nele habita.
Comprado sem cicatrizes, o T2 estava pronto a habitar. Uma sala de quase 40m2, dois quartos e duas casas de banho, a que se juntam a cozinha, a garagem e a arrecadação, que para além da sua centralidade, foram, também, fatores determinantes para uma boa escolha.
Lá dentro, a vista sobre a ponte é um dos cenários. O olhar espraia-se até ao horizonte, permitindo um habitar sereno. Lá fora, há uma cidade que se agita e berra em cores e cheiros, mas aqui dentro o ambiente é calmo. Tudo foi pensado para que esta casa funcionasse como um refúgio rodeado de paisagens diferentes e da dinâmica de uma capital.
As cores nas paredes, tetos e portas, corroboram esta necessidade de respeitar o existente e o layout – exceção feita para a zona do hall de entrada, cuja porta, que o dividia da sala, foi retirada potenciando ainda mais a sensação de espaço, bem como para a pintura aplicada nas portas e rodapés, que antes eram da cor da madeira e hoje são brancos.
Os tons de castanho, dos vários móveis de distintas madeiras dominam sobretudo no espaço da sala comum, sendo apenas interrompidos pelas cores vivas de algumas das pinturas, tecidos das cadeiras e tapetes. São várias as peças provenientes de outras moradas, e todas têm uma história e uma importância. O seu proprietário destaca a cómoda D. José, peça de família, datada do século XVIII, os dois quadros da pintora Catarina Pinto Leite, a obra de Rodrigo Ferreira e outras duas pinturas de um artista argentino.
Mas o olhar divaga ainda, guiado pelo nosso anfitrião, pela mesa-totem em wengué, por algumas cerâmicas, pelos tapetes, sem dúvida, ou pelo trabalho indo-português, do século XVIII, também ele uma peça de família. O bonito chão de madeira da sala e corredor estende-se para a zona de dormir. Os dois quartos assumem a mesma nota de despojamento estudado, aqui de forma mais sóbria, e ambos são varridos pela mesma luz natural da vaidosa Lisboa.