A artista mudou-se para o antigo estúdio de Roger Capron, um espaço lendário no centro de Vallauris, no sul de França onde, revela, “se sente mais inspirada que nunca”.
Fotografias: Florian Touzet
Depois de seis anos em Los Angeles, onde aprendeu a modelar o barro, Olivia Cognet voltou para a sua terra natal, e mudou-se para o antigo estúdio de Roger Capron, um espaço lendário no centro de Vallauris, no sul de França, inaugurado pelo célebre ceramista na década de 1960.
Murais panorâmicos, candeeiros esculturais, espelhos e vasos de formas orgânicas fazem parte do novo vocabulário extraído da história cultural da Côte d’Azur e também da Califórnia. “Aqui sinto-me mais inspirada do que nunca. Espero poder fazer as peças monumentais com que sonho”, comentou a ceramista há alguns meses, quando se mudou para Vallauris.
Criada em Nice, onde estagiou na Villa Arson, Olivia Cognet voltou a Vallauris na primavera de 2021 para uma residência artística no estúdio ao lado do Musée de la Poterie. Quando era criança, recorda, adorava passear pelas ruas estreitas da vila e ver as montras com as cerâmicas coloridas que desenhavam um mundo poderoso e expressivo.
Olivia recorda também a emoção de ver peças dos mestres da arte moderna (Pablo Picasso, Fernand Léger, Joan Miró) expostas nos museus da região. E as esculturas murais que ela adorava, nas fachadas dos prédios de Nice. Mas, entre as figuras que elevaram a cerâmica a uma forma de arte, para Olivia Cognet, um nome supera todos os outros, o de Roger Capron.
Conhecido em todo o mundo, um dos ceramistas franceses mais conhecidos do século 20, Capron (1922–2006), desempenhou um papel importante no cenário criativo de Vallauris, ao lado de nomes como Robert Picault e Jean Derval. Das telhas de barro aos afrescos monumentais, passando por uma profusão de objetos decorativos, Capron explorou o seu campo em todos os detalhes. Uma abordagem apaixonada e multifacetada que Olivia Cognet reconhece em si mesma, sensível às formas abstratas e padrões mediterrâneos de inspiração, presentes na obra do mestre dos anos 1960 e 1970.
Olivia Cognet segue esta linguagem criativa, agora no antigo estúdio de Roger Capron, que ela comprou e remodelou antes de se mudar recentemente.
Em frente à entrada, os visitantes são recebidos por um baixo-relevo de grés de forma abstrata esculpido no solo pelo próprio Capron. No interior, o vasto espaço em betão branco, onde se nota o toque contemporâneo da nova proprietária, manteve o pé-direito alto. Escadas de cimento que evocam Jacques Couëlle – outra das grandes influências de Olivia Cognet -, conduzem ao pátio.
Iluminado e decorado com plantas mediterrânicas, este espaço contém uma mesa embutida e uma churrasqueira em azulejos desenhados por Roger Capron. Segundo Olivia cognet, um showroom deve ser adicionado no futuro.
Apesar das obras de remodelação realizadas, a alma deste lugar tão querido por Roger Capron permanece intacta. “A sensação de estar no seu espaço inspira-me constantemente”, admite Olivia Cognet, que também gosta do contacto diário com a comunidade de oleiros de Vallauris, bem como com os artesãos altamente talentosos (ceramistas, serralheiros, marmoristas, sopradores de vidro, etc. ) que povoam a região.
Olivia Cognet é representada nos Estados Unidos pela Future Perfect, e em França pelas galerias Objets Inanimés (Marselha) e JAG (Paris).